O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou nesta segunda-feira (13) mudanças no comando da Segurança do Estado, uma das áreas mais criticadas de sua gestão. Mesmo depois da divulgação de uma série de casos de abusos de policiais em São Paulo e do aumento da letalidade policial em sua gestão, o governador descartou a eventual demissão do secretário estadual da Pasta, Guilherme Derrite (PL). Tarcísio, no entanto, disse que o governo dará “punição severa” a quem “desviar da conduta”.
“Não pretendo fazer mudanças por ora”, disse, ao ser questionado por jornalistas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, depois de acompanhar o embarque de 58 alunos da rede pública que participam de um programa de intercâmbio.
Ele disse que sua gestão tem feito reuniões com policiais para promover cursos de reciclagem, evitar e coibir abusos. “[Vamos] atuar muito de um lado na capacitação e, por outro lado, na punição severa de quem se desvia da conduta. Não vamos tolerar casos de abuso, não vamos pactuar com isso. Aqueles que estão descumprindo procedimentos estabelecidos serão severamente punidos.”
Um dos casos recentes de abuso policial em São Paulo que ganharam repercussão foi a morte de um estudante de 22 anos, que foi baleado pela polícia depois de dar um tapa em uma viatura policial, em novembro. Na semana passada, o Ministério Público denunciou dois policiais pela morte do jovem, que poderão responder na Justiça por homicídio qualificado por motivo torpe e pela impossibilidade de defesa da vítima. A mãe do estudante, Silvia Mónica Cárdenas Prado, pediu, em carta aberta, a demissão de Derrite e exigiu justiça. Em entrevista na semana passada, Silvia disse que Tarcísio e Derrite não tomaram providências contra os policiais nem tiveram “compaixão”.
Nesta segunda-feira, Tarcísio disse que “é claro” que se sensibilizou “com a dor dessa mãe, com a dor do pai”. “Eu entendo as manifestações que eles têm emitido, são perfeitamente compreensíveis e acho que no lugar deles eu estaria procedendo da mesma forma”, disse à imprensa. “Existe um desejo de ver justiça, eu acho que essa justiça tem que acontecer e vai acontecer porque os responsáveis irão a julgamento. É perfeitamente compreensível e obviamente isso provoca a reflexão temos que refletir, sim, sobre procedimentos, sobre conduta, sobre política de segurança pública, sobre efetividade, pra que a gente possa cumprir o papel de proteger a sociedade como um todo”, afirmou o governador.
O secretário de segurança está de férias e deve voltar no fim do mês.
As mortes causadas por policiais civis e militares, em serviço ou de folga, chegaram a 580 no acumulado de janeiro a setembro de 2024. Em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 374 óbitos, as mortes tiveram um aumento de 55%. Em 2022, antes de Tarcísio assumir o governo, São Paulo registrou 293 mortes em igual período.